(para Vinicius de Moraes)
Como pode me conheceres tão bem,
se eu nasci depois que tu partiste?
Como pode seres feito um porta-voz
sem que, ao menos, eu tenho me confessado
por noites e dias trancados a fio, como num vigília?
Obrigado por ter dito tanta coisa que eu gostaria de dizer
e não encontrava as palavras certas;
por gritar pros meus olhos coisas que inflamavam -- mudas --
dentro do meu peito de menino;
e por me abrir os mesmos olhos, marejados,
para a simplicidade dos gestos - morada da real poesia.
Parafraseando Drummond: a poesia apenas, sem mistificação.
Parabéns por ser imortal
posto que não és chama nem brasa;
és poeta.
Feliz aniversário.
Carinhosamente,
Hugo César.