sexta-feira, 21 de março de 2014

Cláudia Silva Ferreira


          Estampa manchetes, jornais – em vermelho –
          o mesmo letreiro: ‘’a mulher arrastada’’
          E os filhos, sobrinhos e o seu companheiro?
          Seu nome completo e carteira assinada?

          Sumiram na mala, no Rio de Janeiro,
          pichando o asfalto de sangue e cor parda?
          De maneira alguma; estão vivos, morrendo
          aos poucos, velando a memória manchada

          Ninguém medirá uma dor noutro peito,
          tampouco o vazio de pé noutra casa
          A bala só fere se for nosso braço

          Porém, tantas dores são só de terceiros...
          É só ver o luto de dez mil enterros
          nos olhos da mãe de um bandido algemado.


          Hugo César

Nenhum comentário:

Postar um comentário