Estampa manchetes, jornais – em vermelho –
o mesmo letreiro: ‘’a mulher arrastada’’
E os filhos, sobrinhos e o seu companheiro?
Seu nome completo e carteira assinada?
Sumiram na mala, no Rio de Janeiro,
pichando o asfalto de sangue e cor parda?
De maneira alguma; estão vivos, morrendo
aos poucos, velando a memória manchada
Ninguém medirá uma dor noutro peito,
tampouco o vazio de pé noutra casa
A bala só fere se for nosso braço
Porém, tantas dores são só de terceiros...
É só ver o luto de dez mil enterros
nos olhos da mãe de um bandido algemado.
Hugo César
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