Tenho tudo à flor da pele
Guardo em mim tantas mulheres...
Dentro delas, quem diria:
outras tantas são meninas,
que ora vestem-se de branco,
no altar, entre outros santos,
chamam-se todas Maria.
Maria perdida no mapa
que alguns chamam de vida;
Maria de cama e de quarto
de pano, de prato e de pia;
Maria que sonha acordada
que dança pro homem da casa
e há de ser mãe um dia.
Mas, esta Maria se cansa.
Maria também é humana:
tem fome de carne viva,
nas horas que desce do altar,
esquecida da face, do nome...
E a sós, como a lua insone,
E a sós, como a lua insone,
desnuda, se mela e se brinca.
Sou novata,
sou veterana.
Cigana,
sinhá,
sou mucama.
Me chamam, também, de vadia.
Hugo César