domingo, 25 de março de 2012

Ao avesso

Arte de Elifas Andreato
          Pinta os olhos sem demora
          Se possível de cor clara
          Engole o choro de uma vez
          Sem deixar cair uma lágrima
          Deixa as mágoas no espelho
          Não te servirão de nada

          Vê a fila como cresce
          Depois que sol se desfaz
          Vê os olhos e as mãos que te esperam
          Com fome de riso e de mais

          Toca a lona de luz negra
          Entra em cena, sem demora
          Não demonstra o desabafo
          Do teu macacão brilhante
          Sobre um coração andrajo
          Que de dia também chora

          Tal qual o palhaço em serviço
          As moças da noite em pedágios
          À custa de um sorriso avesso
          Irmãos de vida e de palco

          E apesar do desespero
          Não expõem estardalhaço
          Não tiram dos donos da festa
          O prazer demasiado.

          Hugo César

7 comentários:

  1. Hugo, que lindo!!!! Gostei muito mesmo. Parabéns!

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  2. Eu tava querendo ler versos assim sobre os palhaços...

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  3. Cara, parabéns! poesia linda demais. Gostei da relação do palhaço com as "moças da noite". Nunca tinha pensado a respeito. :)

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  4. foi uma das melhores definições de palhaço que já li. :D

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  5. Interessante. Já assistiu o filme "O palhaço - Selton Mello"?

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  6. http://letras.terra.com.br/smokey-robinson-e-miracles/556843/traducao.html

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